Às vezes, quer esconder-se em silêncio. Do barulho das ruas, das mensagens intermináveis, das decisões rápidas. Nesses dias, os pratos simples tornam-se uma âncora. O trigo sarraceno não é apenas um cereal. É uma estabilidade que não vacila. Não atrai a atenção, não desafia as papilas gustativas. É como a sombra de uma árvore num dia quente: silenciosa, calma, sempre presente.
Junta-se raiz de salsa assada – macia, ligeiramente adocicada, com um sabor a terra. Descascada e cozida em papel de alumínio, adquire uma textura que não quer mastigar – apenas sentir. O trigo sarraceno, cozido a vapor com água quente, combina com ele sem contraste. Basta despejar tudo num prato e sentar-se com esta comida simples em frente à janela. Sem ruído. Sem planos. Apenas um momento que não exige nada. E um corpo que agradece esta paz.